terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Caos criativo: modo de usar

Folha de SP, 11/01/2011

Para Nizan Guanaes, publicitário e presidente do Grupo ABC, nós entramos numa nova década em pleno caos no que se refere ao processo criativo. Porque será? Vamos voltar no tempo e entender o tempo e o espaço da comunicação.
Se assim for, se o indivíduo só se manifesta pelo seu discurso, pelas mensagens que codifica e transmite a todo tempo, desde sempre ele se confunde com os signos que emite, ou seja, parodiando McLuhan, o sujeito é a mensagem. O que acontece neste momento é que as atuais interações eletronicamente medidas, por estarem “fora” da mente do indivíduo –“mentes projetadas”, descortinam este aspecto, desterritorializando a figura do sujeito emissor para a mensagem, dispositivos e meios. A mensagem é o que permanece, modifica, circula, é construída e desconstruída e ainda reconstruída a todo instante, a ponto de ser perder a noção de sua autoria em prol da co-autoria ou múltipla autoria.
Não devemos nos esquecer de que em cada processo ocorrem transformações no mundo, estreitamente ligada á globalização, com seu intenso e veloz progresso das tecnologias da comunicação e informação, que gradativamente anulam distâncias e diferenças culturais.
As mídias sociais também evoluíram em seu tempo e espaço e, agora são só mídias. Aliás, o sujeito (indivíduo) também virou mídia, que Guanaes chama de fio condutor de conteúdo humano. Porém, toda mídia esta exposta e quer ser valorizada pelo seu conteúdo. As pessoas ou mídias? Não podem ficar no anonimato e correm para o Facebook atualizar o seu espaço.
Para se ter uma noção da grandiosidade do conceito, o Facebook publicou 750 milhões de fotos sobre o último Réveillon alimentado pelos seus mais de 500 milhões de usuários em menos de 7 anos de funcionamento.
A história foi além das previsões, fotografias que até pouco tempo iam para álbuns ou mesmo caixas velhas ou gavetas agora estão nas redes sociais para quem quiser olhar. O que antes era privado ao sujeito, esta exposto ao público para apreciações e comentários.
O segredo virou publicidade e a comunicação uma conexão temporal, que nos permite a mergulhar na vida alheia do outro. Este fato se deve a tecnointeração conceituada por Sodré, 2006 – sociedade midiatizada, uma tecnologia diferenciada na comunicação social. Essa evolução é natural da indústria cultural. Quem diria que a suposta situação de Isaac Newton - Por que uma maçã cai da macieira para o chão, em vez de flutuar, gerou toda uma área especial para os estudos da gravidade. A mesma maçã ganhou um novo significado para Steve Jobs e sua equipe e lógico ao mercado, milhares de empreendedores começam a criar e lançar aplicativos para o novo “gadget” - em inglês: geringonça, dispositivo, é um equipamento que tem um propósito e uma função específica, prática e útil no cotidiano. São comumente chamados de gadgets dispositivos eletrônicos portáteis como PDAs, celulares, smartphones, leitores de mp3, entre outros.
Em outras palavras, é uma "geringonça" eletrônica, que hoje alavanca templos de consumo com sua retórica virtual pela vasta rede e-commerce, isso serve para lembrar a velha canção dos Titãs (Homem primata) capitalista e selvagem? Será que o processo criativo também é destrutivo?
Neste novo tempo e espaço, o sujeito precisa empreender seus conteúdos de forma inovadora, saindo do anonimato, de uma singularida para a pluraridade, porque “ser” ou “estar” sozinho, não faz mais parte do cotidiano. Não é tão fácil delimitar as fronteiras entre o moderno e pós-moderno, ou entre modernidade e pós modernidade. Para tal, convém lembrar que, durante muitos séculos, movida pela crença de que a Razão seria o meio mais confiável de entender e explicar a realidade, a humanidade adotou fórmulas supremas para resolver as mutações culturais e sociais em tempo real.

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